O nosso Pedras ganhou ontem por 2-1 ao Aliados num jogo de grandes emoções que pode ter ditado uma época de enorme sucesso. O jogo não se afigurava fácil. O Aliados é uma das equipas mais consistentes deste campeonato (a terceira com menos derrotas) e estava num bom momento com um percurso de seis jogos sem derrotas. Isto significava que os jogadores do Pedras Rubras tinham que entrar totalmente determinados e combativos. Ora, tal não aconteceu. Com alguns jogadores abaixo do que já os vimos fazer, a equipa foi perdendo a luta a meio-campo. Quando tinha a bola, perdia-a facilmente nesse setor e dava aso a contra-ataques rápidos que apanhavam a nossa defesa desequilibrada. O Aliados trazia a lição bem estudada. Grande pressão sobre o portador da bola e, através de passes imediatos em profundidade para as costas dos nossos laterais, causava grandes calafrios. Aos 21 minutos, o Aliados chegou ao golo, não num desses lances, mas no seguimento de um canto. A bola não foi aliviada ao primeiro poste e o Tó, sem reação, fez autogolo. Até ao intervalo, o Aliados foi mais perigoso.
O intervalo fez bem à nossa equipa e ao nosso treinador, que mexeu de forma positiva, retirando o China, pouco feliz naqueles 45 minutos, e colocando o A. Oliveira, que veio trazer outra posse de bola e dinâmica ofensiva. O Pedras Rubras registava melhorias, com mais posse de bola e criatividade. Para essa melhoria contribuiu bastante a entrada do Henrique. Entrou para lateral, mas conseguiu dar grande profundidade à equipa, assumindo o risco e partindo para cima dos defesas.
Entretanto, o Aliados fazia o seu jogo: equipa coesa, pressionante e a tentar explorar as costas da nossa defesa. O tempo passava e o golo não chegava, o que criava grandes nervos, sobretudo quando se via um livre bem marcado pelo Pedrinho a bater no ferro e quando o mesmo Pedrinho, na cara do guarda-redes forasteiro, a falhar uma oportunidade de ouro. Mas a equipa nunca desistiu, lutou e acreditou sempre. Temos sempre que acreditar até ao último minuto e foi o que a equipa fez. E foi premiada. Já nos descontos, o Tó marcou no seguimento de um canto e, no último lance do jogo, o Abílio conseguiu desenvencilhar-se de dois defesas na esquerda e tirou um centro perfeito que o João Jesus, com o seu poder de impulsão, não desperdiçou e levou o estádio ao rubro. Extraordinário momento, que fez lembrar outras reviravoltas já nos descontos, e encheu o estádio de alegria. Afinal, aquele golo podia, apenas e só, ter decidido uma época.
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A festa do segundo golo |
Algumas ideias que gostava de sublinhar:
1) A equipa não entrou bem no jogo e deve perceber as razões para não repetir. Essa entrada esteve muito perto de ter custado um preço que ninguém queria pagar.
2) A equipa nunca desistiu. Como disse, acreditou sempre e essa postura é de aplaudir. Por outro lado, é o espelho de um balneário muito unido, cenário que, felizmente, tem sido regra nos últimos anos. Excelente!
3) Não podia ter sido melhor a forma como o Pedras Rubras chegou aos golos: através do nosso capitão Tó, que não merecia ficar associado a um resultado negativo, e através do João Jesus, que tem tudo para ser o futuro da nossa defesa e, é bom sublinhar, tem sido um goleador que muitos pontos já nos deu.
4) Excelente o entusiasmo, a união dentro e fora do campo. Olhando para o relvado e ver a forma como, no final do jogo, os jogadores e a equipa técnica festejaram a vitória enche-me de satisfação.
Na mesma altura que o Pedras Rubras ganhava o jogo, o Oliveira do Douro empatava em casa 2-2 com o Varzim B e o Paredes perdia 1-0 em Lousada. Ora, isto significa que o Pedras Rubras pode, na próxima jornada, conseguir o maior feito da sua história: voltar à antiga 2.ª B, atual Campeonato Nacional de Seniores. Digo maior feito porque é bom que todos se recordem que este grupo foi feito com muito risco, apostando num elevado número de jovens com pouca experiência. O objetivo era tentar fazer um campeonato tranquilo. Assim, o Pedras Rubras conseguirá o 2.º lugar se, no próximo Domingo em casa:
a) ganhar ao Candal.
b) empatar com o Candal e o Oliveira do Douro não for ganhar ao Aliados de Lordelo.
c) perder com o Candal, O Oliveira do Douro perder no Aliados de Lordelo e o Paredes não ganhar em casa ao Nogueirense.
Há que:
5) Valorizar o aparecimento, nas últimas jornadas, da claque "Ultras Rubras", a qual dá outro ambiente e cor aos jogos. Faço votos que continuem, cresçam e nunca se dissipem. Gostaria, também, que se destacassem sempre pela positiva, ou seja, através do entusiasmo, da união e do apoio positivo.
6) Reconhecer, e nunca é de mais, o excelente trabalho do António Pedro. Podemos, ao longo dos jogos, não concordar com algumas opções, mas a forma como se relaciona com o grupo e como o seu trabalho é reconhecido por este diz tudo: uma pessoa evoluída, que sabe estar no futebol.
7) Perceber que ainda nada está ganho. Domingo, é preciso entrar com humildade e trabalhar muito ao longo dos 90 minutos.
8) Fazer votos para que Domingo o Estádio tenha a moldura humana que este grupo merece.
Abraço.