Ontem assistimos a um grande jogo, com muito público, bom futebol de parte a parte e emoção até ao último segundo. A nossa equipa mostrou, mais uma vez, grande união, atitude e carácter, dando mais uma alegria aos sócios e simpatizantes deste clube com poucas armas, mas que combate muito. E é assim que devia ser sempre.
Na primeira parte, o Salgueiros teve mais posse de bola mas sem criar perigo de realce para a nossa baliza. O jogo foi muito disputado a meio-campo e a grande e única oportunidade de golo resultou de uma boa jogada coletiva do Pedras Rubras. Ao intervalo, o nulo aceitava-se.
Na segunda parte, mais uma boa jogada de envolvimento coletivo, que terminou com um excelente cruzamento do Miguel e uma ainda melhor antecipação de cabeça, ao primeiro poste, do Mimba, que fez a bola sobrevoar o guarda-redes e entrar junto ao segundo poste. Estava inaugurado o marcador aos 57 minutos.
O Salgueiros procurou reagir mas não foi tanto por mérito próprio que virou o resultado mas mais por demérito do Pedras Rubras que, em dois cantos praticamente seguidos, cometeu dois erros demasiado básicos para qualquer divisão. Em apenas 3 minutos, 64 e 66 minutos, o Salgueiros tinha recebido dois brindes gigantes e tinha dado a volta ao jogo.
Como é óbvio, os nossos jogadores sentiram os erros e tiveram alguns minutos a encaixá-los animicamente. No entanto, e este facto é verdadeiramente importante, a equipa soube reagir, voltar gradualmente ao jogo e dominá-lo, empurrando o Salgueiros para a sua área. E foi nesse período de grande pressão que o Pedras Rubras quase chegava ao golo, não fossem duas grandes intervenções do guarda-redes do Salgueiros. Nesse lance, a bola esteve muito perto de passar a linha de golo mas, francamente, apesar dos protestos, parece não a ter transposto. O Salgueiros defendia com todos os homens e foi já com o Issouf a ponta de lança e com o Dinis e o Diogo em campo, que mais uma vez vieram trazer um extra de criatividade, energia e risco, que o Pedras chegou merecidamente ao golo.
No quarto dos cinco minutos de desconto, há uma grande penalidade claríssima. Aliás, não há uma, há duas grandes penalidades no mesmo lance por uma simples razão: estava a jogar-se futebol e não rugby ou futebol americano. O Mimba e o Issouf não foram agarrados, eles foram amarrados de uma forma tão escandalosa que não havia como não marcar o penalty. No caso do Issouf, é tão evidente, que a camisola azul e branca deixou de se ver para se ver a camisola interior totalmente branca.
Existiram muitos protestos dos adeptos e jogadores do Salgueiros mas não consigo compreender. É verdade que é preciso coragem para marcar um penalty a um clube como o Salgueiros (que é um grande nesta divisão e que tem uma massa adepta ferrenha) que o retiraria da subida de divisão perante um clube com menos nome e peso como é o nosso Pedras. Mas, felizmente, o árbitro foi justo e teve a coragem de não olhar aos nomes dos clubes mas sim apitar o que viu.
Posso até dizer que nasci em Paranhos, sempre tive uma uma simpatia pelo Salgueiros e pela sua alma, compreendo a frustração dos seus adeptos mas não podem escudar-se neste lance. Foi penalty, sem sombra de dúvidas.
Encarregado da marcação, o Miguel teve nervos de aço e não vacilou, dando justiça ao marcador e premiando a atitude da equipa. Uma nota para sublinhar, de facto, como o Miguel assumiu e marcou de forma exemplar num momento de grande pressão, não obstante a provocação de que foi alvo por parte de um jogador do Salgueiros que, em parte, foi responsável pelos ânimos exaltados no final do jogo. No final, os ânimos exaltaram-se sem necessidade, mas os nervos estavam à flor da pele.
Com este resultado, o grupo continua a depender só de si para conseguir um feito extraordinário que era disputar a fase da subida, estando inserido, provavalmente, na série mais competitiva e com grandes orçamentos, muito superiores ao nosso. Mas, como é bom ver um exemplo em que o trabalho sério e a união valem mais do que nomes e orçamentos.
Isto é o que eu quero sempre ver no Pedras Rubras e isto é o que eu tenho tido o privilégio de assistir este ano. Parabéns, independentemente do que suceda.
Abraço.
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